sábado, 31 de outubro de 2009

Mentes insanas


"A intolerância fecha os caminhos da compreensão, ao mesmo tempo que os da sensibilidade, caminhos aos quais só têm acesso as almas que sabem de sua semelhança com as demais." (Carlos Bernardo González Pecotche)

Às vezes custo a acreditar que estamos no século XXI. Depois das cenas para lá de bizarras que varreram o mundo virtual e jornalístico, de fato, tenho dificuldades para entender atitudes como a de estudantes universitários que agiram com insanidade diante de uma jovem que se viu acuada e precisou até da polícia para sair da faculdade onde estuda em segurança.
Percebi que  os piores sentimentos que o ser humano é capaz de expressar afloraram em todos, cada qual de uma maneira, mas todos, sem excessão, demonstraram aquilo que abominamos nos outros, mas muitas vezes colocamos em prática. E ai posso até fazer uma lista: ódio, raiva, inveja, despeito entre outros. A classe médica até possui uma explicação, conforme matéria do "Estadão" de hoje:

Entrevista

João Figueiró
Psicoterapeuta

O chamado efeito manada é a explicação que o médico e psicoterapeuta João Augusto Figueiró, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), dá para situações de violência como a ocorrida na Uniban.
O que motiva as pessoas a participar dessas manifestações?
Nos estudos sobre psicologia das massas temos a resposta. É o que chamamos de efeito manada, em que pessoas consideradas normais recebem certas informações e passam a atuar em bando, como uma manada. É como as torcidas de futebol, um fenômeno grupal.
Como ocorre o efeito manada?
Dentro da massa, os indivíduos deixam de lado a moral e a ética, que freiam a impulsividade. As circunstâncias fazem com que ele renuncie aos seus valores e embarque na proposta coletiva de um líder - e essa proposta circula rapidamente dentro do grupo. É um caso de violência instrumentalizada. Foi assim que Hitler convenceu os alemães sobre suas ideias contra os judeus. Da mesma forma, George W. Bush convenceu uma nação inteira de que o mal do mundo estava no Afeganistão e no Iraque.
Como explicar que isso aconteça dentro da universidade?
Hoje, a escola não transmite valores. Só conteúdos. Além disso, as relações escolares fomentam a cultura de guerra em que vivemos, com valores de competição, rivalidade e supremacia.

Leia também:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091030/not_imp458695,0.php
http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,o-urro-ancestral-da-faculdade-injuriada,459621,0.htm

Uniban e a Idade das Trevas
"Fiquei chocado e perplexo com cenas de preconceito, intolerância e barbárie exibidas no interior da Uniban, onde uma jovem aluna foi enxovalhada, insultada e ofendida por centenas de estudantes apenas por estar de minissaia. Realmente, a estupidez humana não tem limites. Parecia que a garota estava no Afeganistão dos talebans ou na Idade Média da Santa Inquisição. É revoltante uma aberração dessas em São Paulo, no Brasil, em 2009. É o fim da picada. E pensar que essa covardia foi cometida por universitários, pessoas que teriam, supostamente, melhor nível cultural e que serão futuros profissionais com nível superior"
Escreve: Renato Khair, no fórum dos leitores, jornal O Estado de São Paulo de 31 de outubro de 2009
Assista aos vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=Px-XD-HpBr4
http://www.youtube.com/watch?v=-GDwYddazQ0

A intolerância pode ser a explicação para fatos como estes, e até acho que houve preconceito também. Julgar a jovem, não cabe a nenhum de nós, todos, sem excessão, somos iguais diante de Deus, embora o ser humano tente provar o contrário. Aceitar este tipo de atitude é como concordar com os estatutos da "Ku Klux Klan" ou até, negar o "Holocausto". Sinceramente, eu não gostaria que o tempo das cavernas voltasse, mas parece que ele insiste em ressurgir, para onde vamos?

sábado, 24 de outubro de 2009

Não olhes assim pra mim


Sabia-te assim brilhante, mas não podia saber o quanto desse teu brilho me fazia também brilhar.
É verdade que tens os teus momentos vagos e escuros em que não há pitada de luz que consiga entrar.
Mas nesses, eu consigo descobrir o brilho, é o hábito de tatear devagar cada sorriso que não esboças, cada mão que não estendes…é a prática de viver pleno com o sempre pouco (e ainda assim tanto!) que me concedes.
Esqueces-te que palmilhaste comigo esses mesmos caminhos onde hoje queres que me perca.
Sim, eu sei que ao teu lado é impossível estar atenta a direções, a qualquer outra coisa que não tu.
Mas a verdade é que de olhos fechados me consigo transportar para qualquer segundo que tenha vivido contigo. Ao teu lado, digo, porque contigo vivo sempre. Estás em mim como esse teu brilho colateral que me preenche.
És o brilho que emana dos teus olhos e do teu sorriso. O brilho que floresce na maneira suave como viras a cabeça, ou na forma mais displicente como te atiras para cima da cama quando estás cansado. És o brilho de um olá que se faz doce e de um toque que me aquece.
Brilhas. Por ti, pelo que trazes aí dentro, e por toda a luz que, viradas e reviradas as entranhas, descobres nos outros.
Sabia-te assim brilhante, mas não podia saber que era nesse brilho que me ia perder.
Não olhes assim para mim.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ele também se foi...

"A morte não se aproxima com trombeta"(Provérbio Dinamarquês).

Nosso colega de trabalho, nos deixou na manhã de hoje...Eu não o conhecia pessoalmente apenas por telefone, contingências do mundo moderno que muitas vezes nos impõe um rítmo cruel que nos rouba o tempo ao lado dos que amamamos, ou simplesmente daqueles que de alguma forma, passam a fazer parte de nossas vidas...
Nelson Yamashita devotou longos anos de sua vida às vendas externas, como representante de nossa empresa e morando no interior de São Paulo, não necessitava estar na empresa para desenvolver seu trabalho, pelo contrário, era visitando clientes das mais distantes cidades que o mesmo seguia seu destino.
Lembro com saudades da sua voz tímida e calma quando ligava para nós, fazia isto todas as manhãs, em busca do nosso também colega de trabalho Claudir, este, um suporte e tanto para o trabalho do Nelson que sempre necessitava da sua ajuda para um bom atendimento aos nossos clientes.
Mas o Nelson nos deixou, ficou um vazio, o telefone que hoje não tocou, e rapidamente veio a notícia, que custamos a acreditar, mas que depois foi confirmada pelas últimas pessoas que estiveram com ele em seus últimos momentos.
Todos ficamos tristes, um homem bom e íntegro se foi. Quantos sonhos ainda nutria? Quais eram suas expectativas, seus verdadeiros desejos? Como estava o seu interior? De concreto apenas a certeza de que um stress estava roubando a tranquilidade do nosso companheiro e o resultado foi um infarto fulminante que o levou sem tempo de se despedir...
Enquanto voltava para minha casa, fiquei pensando em como nossa vida é efêmera, hoje estamos aqui e amanhã poderemos não estar mais, poesia de Mário Quintana: "Esta vida é uma estranha hospedaria, De onde se parte sempre às tontas, Pois nunca as nossas malas estão prontas, E a nossa conta nunca está em dia..." Descanse em paz Yamashita!

domingo, 11 de outubro de 2009

Ela se foi...

"O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade".
(Albert Einstein)
Esta semana me deparei com um cartaz que anunciava um desaparecimento. Diante do cartaz uma pequena fração da vida de: Ana Paula Moreno Germano.(http://www.desapareceu.org/extranet/pessoas-desaparecidas-22306.html). Apenas 23 anos, saiu de casa para trabalhar no dia 02 de outubro às 5:20hs. da manhã e depois nunca mais foi vista. Naqueles poucos instantes que parei para ler o cartaz, um turbilhão de indagações passou pela minha cabeça. O que teria acontecido? Em uma cidade tão violenta, somos tentados a sempre pensar no pior. Pensei em tantas coisas, nos sonhos, nas aspirações, em como estariam os familiares neste momento de dor. Deve ser terrível perder alguém desta forma. E passei a imaginar que de alguma forma, Ana Paula estivesse triste com algo e resolveu fugir para colocar seus pensamentos em ordem. O meu desejo é que tudo de alguma forma acabe bem para Ana Paula e sua família também! Continuando minha volta para casa, outra cena típica do strees de cidade grande, briga na fila do supermercado. Quer conhecer alguém de verdade, vá com esta pessoa ao super mercado, é sob pressão que as pessoas mostram seu lado mais oculto rsrsr....É lá que vão demonstrar sua honestidade ou não, furar fila, que coisa feia, demonstra descaso pelo próximo. É lá também que você será hostilizado por sua aparência e poder de compra, já percebi que os "pseudo ricos" de Alphaville recebem até auxílio para carregar as compras, mas os pobres mortais, ah, estes, que carreguem sua própria compra. Eu os chamo de pseudo ricos, pois a maioria está é bem falida mas não perde a pose, porém, os verdadeiros ricos não ostentam, sabem viver e usfruir das benesses de seu abastado padrão de vida . Uma vez, em uma drogaria, da região  presenciei um atendente andando atrás de uma cantora que claro, não vou revelar o nome, estava com seus filhos pequenos, eles quase derrubaram a drogaria, mas ninguém disse nada, e o atendente seguia atrás com a cestinha, onde ela ia colocando seus produtos. Mas voltando ao super mercado, uma cidadã, iniciou um bate boca pois alguém havia furado a fila, indignações e razões à parte, duro foi ter que ouvir dois homens na fila fazendo comentários maldoso do tipo:"Essa aí deve morar sozinha, é recalcada, vai voltar pra casa e nem marido tem" Será que mostrar indignação por ter sido trapasseada é sinal de uma vida incompleta? Preconceito, puro preconceito. Eu odeio isto! Seja qual for! Bem pra terminar e não sair da regra, enfrento o famoso trânsito da região no caminho de volta para casa.


domingo, 4 de outubro de 2009

Direitos do idoso

Essencial lembrar e aprofundar a discussão do tema, como fizeram O Estado de São Paulo e o Jornal da Tarde, neste 1º de outubro, Dia Nacional do Idoso, com a reportagem A cada hora um idoso sofre maus-tratos em SP. A sociedade deve ter a sensibilidade de lembrar que o idoso tem tantos ou mais direitos que todos os outros cidadãos. Venho realizando há anos um trabalho focado principalmente para incluir pessoas com deficiência na vida da cidade de São Paulo- em termos de transporte, educação, saúde, empregabilidade, etc.- e hoje tenho a certeza de que, quando melhoramos o cotidiano dessas pessoas, estamos dando mais qualidade de vida aos mais velhos, uma vez que também estes dependem, para viver, de um piso de fácil acesso e contorno, de alertas sonoros em caso de audição comprometida, de fácil visualização em placas e sinais, etc. Assim, proponho ao leitor a seguinte reflexão: se não tem problemas de visão, de audição, de mobilidade, mental, etc., um dia você será idoso e invariavelmente terá alguns desses quadros. Você vai esperar esse momento chegar para começar a se informar e se preocupar?

Quem escreve este artigo é Mara Gabrilli, vereadora(Jornal Estadão de 03/10/2009 na coluna Fórum dos leitores).Mara é para mim um exemplo de vida. Graduada em pisicologia e publicidade supera todas as suas dificuldades para seguir adiante, contribuindo ainda com a melhoria de muitas pessoas. Sabe, às vezes me sinto envergonhada por não realizar tantas coisas em minha vida, se eu me comparar em relação ao que Mara já fez mesmo com sua deficiência vou ficar bem atrás. Que a vida de Mara possa ser um exemplo para você, como foi para mim ao ler seu artigo, respeite os idosos também, nossa tendência é a de não ter paciência, pois a agilidade que nos sobra, faz falta a estes que tanto contribuiram com nossas vidas e nosso país, pense nisto!

sábado, 3 de outubro de 2009

Salve Geral



Hoje foi a vez de assistir "Salve Geral" Filme de Sérgio Rezende. Eu estava muito curiosa confesso, pois o mesmo já estava causando polêmica antes mesmo de estrear. Minha opnião particular é a de que o diretor não está defendendo o crime organizado, ele apenas mostrou com muito realismo, o medo e o terror que todos nós vivemos em 2006 no mês de maio, lembro com detalhes o desespero de todos para chegar logo em casa, algumas empresas até mandaram seus funcionários mais cedo para casa, mas o meu diretor, bem este ficou impassível diante do quadro e não nos dispensou mais cedo.Lembro também que os ataques eram muitos, e contra policiais e suas bases principalmente. Com riqueza de detalhes o filme mostra todos os bastidores do crime e da polícia, que infelizmente mostra o seu lado que nenhum de nós quer conhecer, uma ressalva para os bons policiais que perderam suas vidas combatendo o crime. O tema central é a luta de uma mãe para tirar o seu filho da prisão. Ouça a entrevista feita por Bia Rodrigues com Luiz Zanin e saiba mais detalhes sobre o filme:
Li hoje também que mães de vítimas fizeram protestos contra o filme. Sabe eu não sou a favor da marginalidade venha ela de onde vier, mas sei que mexer com a realidade pode machucar e provocar reações das mais diversas mas eu gostei da forma como o diretor tratou o assunto, através da mais pura realidade, é por isso que o filme contém cenas de violência. Mas com todas as controvérsias, vale conferir e ter a sua própria opnião.