"A intolerância fecha os caminhos da compreensão, ao mesmo tempo que os da sensibilidade, caminhos aos quais só têm acesso as almas que sabem de sua semelhança com as demais." (Carlos Bernardo González Pecotche)
Às vezes custo a acreditar que estamos no século XXI. Depois das cenas para lá de bizarras que varreram o mundo virtual e jornalístico, de fato, tenho dificuldades para entender atitudes como a de estudantes universitários que agiram com insanidade diante de uma jovem que se viu acuada e precisou até da polícia para sair da faculdade onde estuda em segurança.
Percebi que os piores sentimentos que o ser humano é capaz de expressar afloraram em todos, cada qual de uma maneira, mas todos, sem excessão, demonstraram aquilo que abominamos nos outros, mas muitas vezes colocamos em prática. E ai posso até fazer uma lista: ódio, raiva, inveja, despeito entre outros. A classe médica até possui uma explicação, conforme matéria do "Estadão" de hoje:
Entrevista
João Figueiró
Psicoterapeuta
O chamado efeito manada é a explicação que o médico e psicoterapeuta João Augusto Figueiró, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), dá para situações de violência como a ocorrida na Uniban.
O que motiva as pessoas a participar dessas manifestações?
Nos estudos sobre psicologia das massas temos a resposta. É o que chamamos de efeito manada, em que pessoas consideradas normais recebem certas informações e passam a atuar em bando, como uma manada. É como as torcidas de futebol, um fenômeno grupal.
Como ocorre o efeito manada?
Dentro da massa, os indivíduos deixam de lado a moral e a ética, que freiam a impulsividade. As circunstâncias fazem com que ele renuncie aos seus valores e embarque na proposta coletiva de um líder - e essa proposta circula rapidamente dentro do grupo. É um caso de violência instrumentalizada. Foi assim que Hitler convenceu os alemães sobre suas ideias contra os judeus. Da mesma forma, George W. Bush convenceu uma nação inteira de que o mal do mundo estava no Afeganistão e no Iraque.
Como explicar que isso aconteça dentro da universidade?
Hoje, a escola não transmite valores. Só conteúdos. Além disso, as relações escolares fomentam a cultura de guerra em que vivemos, com valores de competição, rivalidade e supremacia.
Leia também:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091030/not_imp458695,0.php
http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,o-urro-ancestral-da-faculdade-injuriada,459621,0.htm
Uniban e a Idade das Trevas
"Fiquei chocado e perplexo com cenas de preconceito, intolerância e barbárie exibidas no interior da Uniban, onde uma jovem aluna foi enxovalhada, insultada e ofendida por centenas de estudantes apenas por estar de minissaia. Realmente, a estupidez humana não tem limites. Parecia que a garota estava no Afeganistão dos talebans ou na Idade Média da Santa Inquisição. É revoltante uma aberração dessas em São Paulo, no Brasil, em 2009. É o fim da picada. E pensar que essa covardia foi cometida por universitários, pessoas que teriam, supostamente, melhor nível cultural e que serão futuros profissionais com nível superior"
Escreve: Renato Khair, no fórum dos leitores, jornal O Estado de São Paulo de 31 de outubro de 2009
Assista aos vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=Px-XD-HpBr4
http://www.youtube.com/watch?v=-GDwYddazQ0
http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,o-urro-ancestral-da-faculdade-injuriada,459621,0.htm
Uniban e a Idade das Trevas
"Fiquei chocado e perplexo com cenas de preconceito, intolerância e barbárie exibidas no interior da Uniban, onde uma jovem aluna foi enxovalhada, insultada e ofendida por centenas de estudantes apenas por estar de minissaia. Realmente, a estupidez humana não tem limites. Parecia que a garota estava no Afeganistão dos talebans ou na Idade Média da Santa Inquisição. É revoltante uma aberração dessas em São Paulo, no Brasil, em 2009. É o fim da picada. E pensar que essa covardia foi cometida por universitários, pessoas que teriam, supostamente, melhor nível cultural e que serão futuros profissionais com nível superior"
Escreve: Renato Khair, no fórum dos leitores, jornal O Estado de São Paulo de 31 de outubro de 2009
Assista aos vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=Px-XD-HpBr4
http://www.youtube.com/watch?v=-GDwYddazQ0
A intolerância pode ser a explicação para fatos como estes, e até acho que houve preconceito também. Julgar a jovem, não cabe a nenhum de nós, todos, sem excessão, somos iguais diante de Deus, embora o ser humano tente provar o contrário. Aceitar este tipo de atitude é como concordar com os estatutos da "Ku Klux Klan" ou até, negar o "Holocausto". Sinceramente, eu não gostaria que o tempo das cavernas voltasse, mas parece que ele insiste em ressurgir, para onde vamos?